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NOTÍCIA
27
Nov
Com a proximidade do verão, especialistas alertam para a necessidade de redobrar os cuidados em relação à proteção da pele
Michelle Rabelo
michelle.rabelo@opopular.com.
Durante muito tempo a busca pelo bronzeado perfeito era quase uma obsessão entre as mulheres, que se lambuzavam de urucum, óleo de coco e até parafina. De um tempo pra cá, porem, a discussão sobre a saúde da derme foi elevada a outro patamar e o que as filhas da geração Tan Tom querem mesmo é uma pele corada porém saudável. Por isso, elas trocaram o bronzeador pelo filtro solar, aprenderam a evitar o sol da tarde e criaram rotinas específicas para o cuidado do rosto, o que não impede o aparecimento das temidas manchas, cujas causas estão associadas ao uso contínuo de contraceptivos, predisposição genética ou exposição da pele a raios solares, produtos químicos e sumo de frutas cítricas.
Com a proximidade do verão, que dá as caras a partir de 22 de dezembro, especialistas alertam para a necessidade de redobrar os cuidados em relação à proteção da pele - tanto para evitar o surgimento das manchas quanto para impedir a piora das já existentes. Segundo a dermatologista Mayra Ianhez, dentro deste grupo os diagnósticos mais comuns são de melasma e melanoses solares - marcas causadas pelo sol, que atingem, principalmente dorso das mãos, braços, colo e também o rosto. Neste caso existe uma predisposição individual, mas o tipo de pele é um fator determinante para o aparecimento das melanoses. Quanto mais clara a derme, mais manchas o paciente pode ter se ficar muito tempo sob o sol."
No caso do melasma, também chamado de mancha da gravidez, a especialista explica que o problema tem relação direta com questões hormonais e genéticas, podendo aparecer, porém, em quem expõe exageradamente a pele aos raios solares. "O uso contínuo e prolongado de anticoncepcionais e a reposição hormonal podem agravar o quadro, assim como a exposição da derme ao calor, ao sol e à luz emitida por aparelhos como celular e computador. Além disso, durante a gravidez, quando há uma produção exacerbada da melanina, pode ocorrer a hiperpigmentação da pele", alerta Mayra, lembrando que, apesar de não doer, coçar ou trazer graves problemas para a saúde, o transtorno dermatológico não tem cura.
Aceitação e autocuidado
Foi exatamente depois da segunda gravidez, há cerca de 15 anos, que a empresária Roberta Santos, 47, viu o rosto ser tomado por pequenas manchinhas. O diagóstico de melasma veio em seguida e desencadeou uma busca incansável por tratamentos. "Foram quase sete anos me submetendo, periodicamente, a procedimentos dermatológicos. Alterei minha rotina e precisei mudar hábitos que me faziam muito bem, como jogar tênis ao ar livre, cozinhar para a minha família e tomar sol. Depois de um tempo, coloquei tudo na balança e percebi que não queria uma vida com tantas limitações. Decidi seguir cuidando da saúde mas passei a aceitar minhas manchas, que são parte de quem eu sou, e me achar bonita com elas."
Hoje, na rotina de autocuidado, filtro solar, vitamina C, tônico e hidratante. "Não abro mão de tomar sol aos finais de semana, só que faço nos horários certos. Pratico atividade física protegendo meu rosto e cozinho, mesmo com o calor das panelas. Aceitar minhas manchas sem essa pressão estética equilibrou a maneira como eu cuido delas", conta Roberta. Nas viagens à praia a empresária não dispensa os óculos, o chapéus de abas largas e as roupas com proteção solar. Investe em alimentos ricos em fibras e com ação antioxidante, como uva, ameixa, morango e batata roxa. Ingere muita água e não descuida do filtro solar - reaplicado várias vezes ao dia. "Minha saúde vem em primeiro lugar, antes mesmo da beleza e da vaidade."
Mocinhos e vilões
Melasma, melanose, mancha senis, sardas, rosáceas. Segundo especialistas, independente do tipo o grande aliado de quem convive com as marcas na pele, ou teme que elas apareçam, é o filtro solar - que hoje já pode ser encontrado no mercado com fator de proteção maior que 50. "Em todo caso, vale também recorrer a itens como chapéu ou boné, óculos e roupas e acessórios com proteção solar", ensina a dermatologista Mayra Ianhez. Outra dica é ficar longe das frutas cítricas, como limão, laranja, figo, manga, mexerica e abacaxi, causadoras das chamadas fitofotodermatoses. "O mesmo vale para condimentos como cebola e alho", alerta a médica. "Se a pessoa teve contato com alguma destas substâncias precisa lavar muito bem a pele, com sabão e água corrente, antes de se expor ao sol. Caso contrário, além de manchas, podem aparecer lesões mais graves, como bolhas e até feridas. Nestas situações, vale usar uma pomada que contenha corticoide e procurar um médico", orienta Mayra.
Disposição e disciplina
Tratamento com laser, peeling, ácido e cremes clareadores. A luta da personal trainer Libia da Silva Vitoria, 35 anos, contra as manchas é uma história antiga. Há cerca de dois anos, quando foi diagnosticada com melasma, ela visita periodicamente a dermatologista, investe alto e segue à risca as orientações da profissional. O resultado, porém, faz tudo valer a pena. "Minha pele melhorou demais desde que comecei a cuidar melhor dela. Não saio de casa sem protetor, reaplico várias vezes ao longo do dia e fujo do sol em horários mais críticos, entre 10 e 16 horas. Quando viajo intensifico essa rotina e invisto pesado na hidratação e na limpeza da pele", conta. Quem escuta, nem imagina que, na adolescência, a mesma Libia era o exemplo vivo do descuido com a derme. "Hoje, cuidar das minhas manchas é cuidar de mim, me aproximar da Libia mulher."
Vem chegando o verão
Em terras goianas é verão quase o ano todo, por isso o combo filtro solar, tônico e hidratante facial precisa estar sempre na bolsa das mais vaidosas. Nos meses de férias, porém, é preciso redobrar os cuidados com a pele. Segundo a dermatologista Poliana Portela o segredo é disciplina. "Não basta aplicar o filtro solar de manhã, antes de ir à praia ou sair para bater perna. É preciso reaplicá-lo várias vezes ao longo do dia, combinando o produto com um protetor labial. A ingestão de água também é importante, assim como a hidratação da derme, feita à base de dermocosméticos específicos", orienta. "Se o destino for um lugar à beira mar ou um hotel que tem piscina é importante enxaguar corpo e rosto toda vez que sair da água - ora por conta do excesso de sal, ora por causa do cloro, que resseca muito a cútis", completa, destacando a necessidade de se procurar um médico sempre que uma mancha aparecer - mesmo se tratando de uma marca que, num primeiro momento, tenha uma aparência inofensiva.
Autoestima em dia
Com a evolução do mercado da beleza é possível encontrar em farmácias e lojas especializadas produtos para todos os tipos de pele, das normais as oleosas, passando pelas secas e sensíveis - diferenciação que contribui muito para o aparecimento das manchas. A diversificação também está nos consultórios médicos. Segundo a dermatologista Paula Azevedo, clareadores tópicos, fórmulas orais, procedimentos de lasers, peelings e microagulhamentos vem se tornando grandes aliados no tratamento de melasma, melanose e mancha senis. "Temos também a intradermoterapia, que consiste na aplicação de ativos clareadores através de injeção na pele. A indústria cosmética também evoluiu com o lançamento de bases de alta cobertura, clareadores mais potentes com efeitos menos irritativos e lasers com menor tempo de recuperação e quase nenhum efeito colateral", comenta a dermatologista.
Tipos de mancha
Com coloração que varia dos tons mais escuros até os mais claros, passando por nuances amarronzadas e vermelhas, as manchas são classificadas em diferentes tipos. Conheça os mais comuns:
Melasma: marrons ou rosadas, relacionado a fatores genéticos, hormonais e exposição ao sol, costuma aparecer durante a gravidez ou por causa do uso de pílula anticoncepcional / reposição hormonal
Melanoses: marrons ou rosadas, estão diretamente ligada ao sol e aparece mais no dorso das mãos, colo e costas, que são áreas de muita exposição solar
Mancha senis: mais escuras, surgem com o passar dos anos devido a exposição prolongada ao sol
Fitofotodermatoses: bem escuras, as queimadura causada pela reação do sumo de frutas cítricas com o sol, somem com o tempo, diferente da melanose
Sardas: marrons ou rosadas, manifestam-se no rosto de quem, geralmente, tem a pele muito clara e exigem cuidados redobrados quanto à exposição solar
Rosáceas: bem rosadas, quase vermelhas, as inflamações crônicas se manifestam principalmente no centro da face, mas pode se expandir para as bochechas, nariz, testa e queixo
Vitiligo: brancas, são sintomas de uma doença genética, autoimune, que é acordada normalmente por uma alteração emocional.