Segundo as estatísticas do Inca, a estimativa é de que haja 8 mil casos em Goiás apenas em 2020
Com a chegada do último mês de 2020, a campanha do Dezembro Laranja volta a alertar a população sobre o câncer de pele no Brasil. Este tipo de câncer é o que tem maior taxa de incidência no País, superando o câncer de próstata, nos homens e de mama, nas mulheres.
As estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que o Brasil possui mais de 185 mil casos de câncer de pele, totalizando 27% dos tumores malignos registrados em território brasileiro.
O dermatologista Samir Pereira, coordenador regional da campanha Dezembro Laranja da Sociedade Brasileira de Dermatologia em Goiás (SBD-GO), explica que a posição geográfica do País é determinante para o surgimento desse tipo de câncer. “O principal fator de risco é a incidência dos raios ultravioletas (UV). Por estarmos muito próximos da linha do Equador, esses raios incidem de forma mais direta, causando mais dano em nossa pele.
Em Goiás, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD-GO), por meio de seus canais de comunicação, aproveitará essa mobilização para orientar e conscientizar a população sobre os riscos e como prevenir a doença. Além disso, neste ano, vários monumentos, prédios públicos e privados de Goiás serão iluminados pela cor laranja, como um lembrete sobre a importância de se prevenir.
Em Goiás, a estimativa do INCA é que mais de 8 mil novos casos sejam registrados até o final de 2020. Samir, que trabalha no Hospital das Clínicas de Goiânia (HC), revela que este ano, devido a pandemia de Covid-19, o número de pacientes à procura de atendimento reduziu em 50%. “Nós estamos atendendo normalmente, não ficamos um dia sem trabalhar, mas os pacientes deixaram de vir”, alerta o dermatologista.
Ainda de acordo com Samir Pereira, o Hospital das Clínicas não está recebendo novos casos e trabalha com os casos agendados antes da pandemia. Mas o dermatologista espera que, em breve, o HC volte a atender novos casos de câncer de pele.
Tipos de câncer
São basicamente dois tipos de câncer: o não melanoma e o melanoma. O primeiro é a forma mais recorrente de tumor na pele, correspondendo a aproximadamente 90% dos casos. O câncer não melanoma pode ser classificado em:
- Carcinoma basocelular – Mais frequente na população, correspondendo a cerca de 70% dos casos. Se manifesta por lesões elevadas peroladas, brilhantes ou escurecidas que crescem lentamente e sangram com facilidade.
- Carcinoma espinocelular – É o segundo tipo de câncer de pele de maior incidência no ser humano. Ele equivale a mais ou menos 20% dos casos da doença. É caracterizado por lesões verrucosas ou feridas que não cicatrizam depois de seis semanas. Geralmente causam dor e possuem sangramentos.
Já o câncer do tipo melanoma, embora corresponda a 10% dos casos, é mais grave. Ele pode se espalhar pelos outros órgãos (metástase) com facilidade, levando à morte. Ele pode ser caracterizado como pintas ou manchas escuras que crescem e mudam de formato rapidamente. Porém, mesmo sendo o câncer mais letal, quando diagnosticado a tempo, as chances de cura são de até 90%.
De acordo com dados do Atlas de Mortalidade do Câncer do INCA, atualizado em 2018, foram 1.791 mortes por câncer de pele melanoma no país, contra 2.329 óbitos por câncer de pele não melanoma.
Prevenção
Para auxiliar a população a identificar indícios de câncer de pele, tanto o SBD-GO e o INCA se utilizam de uma regra chamada de “ABCDE”. É importante se manter atento a pintas e manchas com as seguintes características:
A: assimetria;
B: bordas irregulares;
C: cores diversas em uma só pinta ou mancha;
D: diâmetro maior do que 6 mm.
E: evolução: mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor).
O INCA ressalta que é importante ter atenção às feridas que não cicatrizam e que geram coceira, crostas e sangramentos. Quando em estágio avançado, o paciente com câncer de pele pode apresentar nódulos, inchaço nos gânglios linfáticos, falta de ar, tosse, dores abdominais e de cabeça.
A pessoa que notar qualquer uma desses sintomas deve procurar um dermatologista, capaz de dar um diagnóstico da doença e indicar possíveis tratamentos. As duas formas mais indicadas são cirurgias e tratamentos fotodinâmicos.
Prevenção
Não tem segredo quanto à prevenção. Se proteger da incidência de raios luminosos é a melhor forma, com uso de protetor solar de forma regular, a cada duas horas.
É interessante reforçar a segurança com o uso de chapéus, blusas com proteção UV e óculos de sol, sempre que a exposição solar for excessiva. Até mesmo em dias nublados deve-se usar o protetor solar, pois os raios ultravioletas continuam agindo sobre nossa pele.
Os especialistas indicam que dentro de casa também é necessário o uso do protetor. Luzes de lâmpadas e telas (como celular e computador) aumentam o surgimento de manchas na pele.
É importante manter atenção nas crianças. Estudos indicam que os danos causados na pele por exposição solar, durante a infância, podem influenciar no surgimento de tumores na vida adulta. Portanto, a partir dos seis meses, é necessário iniciar a aplicação de protetor solar adequado para a idade. Antes disso, a proteção física, como chapéus e roupas de mangas longas, é suficiente.